Finalmente assisti ao filme Faroeste Caboclo, inspirado na canção homônima de Renato Russo. A famosa saga de João de Santo Cristo – dos versos decorados de trás pra frente por uma legião de fãs - ocupa agora a tela imensa da sala de cinema. Os personagens ganharam forma. Vida eles já tinham.
Gostei do filme. Acredito que Renato Russo também teria gostado.
No fim, me prendi especialmente a uma das falas do personagem principal – o tal João de Santo Cristo – já quase no fim da história. Depois do duelo com Jeremias e de ver Maria Lucia morrendo ao seu lado ele se pergunta:
- Fui eu ou o destino?
A pergunta me pescou na plateia. Fiquei encucado com aquilo e passei horas refletindo a respeito. Afinal na minha vida - e na de qualquer outra pessoa – essa dúvida também tem espaço. Se estou aqui agora, neste lugar, fazendo exatamente o que estou fazendo – fui eu ou o destino quem quis?
No fundo já tinha a resposta.
Acho que sobrecarregamos demais o destino para nos livrar da responsabilidade. Ter consciência do controle da própria vida pode ser paralisante para a maioria. Ter as rédeas nas mãos pode se tornar desesperador. Mais simples então colocar na conta do destino. Se algo der errado foi culpa dele.
Se não conseguimos o emprego dos sonhos. Se não temos mais tempo para a família. Se não aprendemos a amar. Se nos atrasamos. Culpa do destino.
Certamente você já ouviu que se algo não deu certo é porque “não era pra ser”. E se algo deu é porque “era pra ser”. Acho que são conclusões superficiais e de uma injustiça sem tamanho. Com a gente ou com o destino.
Você se mata de estudar. Passa quatro anos na faculdade. Consegue o diploma e finalmente o emprego dos sonhos. Obrigado, destino!
Você conhece alguém especial. Mas tem medo de se envolver e se decepcionar depois. Decide antecipar o fim para evitar o sofrimento. Maldito destino!
Discordo desses pensamentos.
Sou egoísta.
As minhas conquistas me pertencem. As decepções também.
Concordo que o acaso existe. Quando você encontra aquela pessoa especial, por exemplo. Foi o acaso que fez com que vocês estivessem no mesmo lugar na mesma hora. Mas quem decidiu se aproximar? Puxar assunto e tentar iniciar uma relação? Certamente não foi um senhor de barba branca chamado destino. Foram vocês. Se der errado, foram vocês. Se der certo, também. Usando como exemplo o personagem do filme, conhecer Maria Lucia foi acaso. Se envolver com ela foi escolha.
Escrevendo sobre isso me lembro da história do homem que, se afogando, recusava qualquer ajuda que lhe ofereciam na esperança de que Deus viria salvá-lo. Estenderam a mão, jogaram uma boia e até um helicóptero foi chamado. O homem não aceitava nenhuma ajuda! Cético, dizia que Deus viria em carne e osso tirá-lo dali. Ao morrer e chegar ao céu, o homem cobrou Deus – como ele tinha sido cruel a ponto de deixa-lo morrer? Deus argumentou: havia enviado todo tipo de ajuda. Uma boia e um helicóptero, inclusive.
Muitas vezes agimos assim. Nos perdemos a espera de uma mão milagrosa que desça dos céus para fazer as coisas acontecerem. Nos reduzimos a expectadores da própria vida. “Vamos esperar e ver o que acontece”, costumamos dizer. Então, nos sentamos no sofá, abrimos um bom vinho e assistimos à novela da nossa vida. À espera de que aquele amor bata à porta. À espera de que o convite para aquele trabalho caia do céu.
Quando nada disso acontece já sabemos em quem colocar a culpa.
Você é o responsável pelas suas escolhas. Se lamenta estar sozinho, é porque não fez nenhum esforço para estar com alguém. Ou vai ver não soube cuidar de quem o acaso (e não o destino) colocou no seu caminho. Se você ainda não se realizou profissionalmente é porque escorregou em alguma curva.
Se serve de consolo, sempre está em tempo de assumirmos o controle. De tomarmos as rédeas sem medo. De escolhermos um amor. De mudarmos de cidade. De viver com segurança contando com uma leve ajuda do acaso e da sorte.
Saí do cinema com a certeza de que o roteiro da vida de João tinha sido escrito por ele. Assim como o meu. E o seu.
O destino é a gente que faz.
Gostei do filme. Acredito que Renato Russo também teria gostado.
No fim, me prendi especialmente a uma das falas do personagem principal – o tal João de Santo Cristo – já quase no fim da história. Depois do duelo com Jeremias e de ver Maria Lucia morrendo ao seu lado ele se pergunta:
- Fui eu ou o destino?
A pergunta me pescou na plateia. Fiquei encucado com aquilo e passei horas refletindo a respeito. Afinal na minha vida - e na de qualquer outra pessoa – essa dúvida também tem espaço. Se estou aqui agora, neste lugar, fazendo exatamente o que estou fazendo – fui eu ou o destino quem quis?
No fundo já tinha a resposta.
Acho que sobrecarregamos demais o destino para nos livrar da responsabilidade. Ter consciência do controle da própria vida pode ser paralisante para a maioria. Ter as rédeas nas mãos pode se tornar desesperador. Mais simples então colocar na conta do destino. Se algo der errado foi culpa dele.
Se não conseguimos o emprego dos sonhos. Se não temos mais tempo para a família. Se não aprendemos a amar. Se nos atrasamos. Culpa do destino.
Certamente você já ouviu que se algo não deu certo é porque “não era pra ser”. E se algo deu é porque “era pra ser”. Acho que são conclusões superficiais e de uma injustiça sem tamanho. Com a gente ou com o destino.
Você se mata de estudar. Passa quatro anos na faculdade. Consegue o diploma e finalmente o emprego dos sonhos. Obrigado, destino!
Você conhece alguém especial. Mas tem medo de se envolver e se decepcionar depois. Decide antecipar o fim para evitar o sofrimento. Maldito destino!
Discordo desses pensamentos.
Sou egoísta.
As minhas conquistas me pertencem. As decepções também.
Concordo que o acaso existe. Quando você encontra aquela pessoa especial, por exemplo. Foi o acaso que fez com que vocês estivessem no mesmo lugar na mesma hora. Mas quem decidiu se aproximar? Puxar assunto e tentar iniciar uma relação? Certamente não foi um senhor de barba branca chamado destino. Foram vocês. Se der errado, foram vocês. Se der certo, também. Usando como exemplo o personagem do filme, conhecer Maria Lucia foi acaso. Se envolver com ela foi escolha.
Escrevendo sobre isso me lembro da história do homem que, se afogando, recusava qualquer ajuda que lhe ofereciam na esperança de que Deus viria salvá-lo. Estenderam a mão, jogaram uma boia e até um helicóptero foi chamado. O homem não aceitava nenhuma ajuda! Cético, dizia que Deus viria em carne e osso tirá-lo dali. Ao morrer e chegar ao céu, o homem cobrou Deus – como ele tinha sido cruel a ponto de deixa-lo morrer? Deus argumentou: havia enviado todo tipo de ajuda. Uma boia e um helicóptero, inclusive.
Muitas vezes agimos assim. Nos perdemos a espera de uma mão milagrosa que desça dos céus para fazer as coisas acontecerem. Nos reduzimos a expectadores da própria vida. “Vamos esperar e ver o que acontece”, costumamos dizer. Então, nos sentamos no sofá, abrimos um bom vinho e assistimos à novela da nossa vida. À espera de que aquele amor bata à porta. À espera de que o convite para aquele trabalho caia do céu.
Quando nada disso acontece já sabemos em quem colocar a culpa.
Você é o responsável pelas suas escolhas. Se lamenta estar sozinho, é porque não fez nenhum esforço para estar com alguém. Ou vai ver não soube cuidar de quem o acaso (e não o destino) colocou no seu caminho. Se você ainda não se realizou profissionalmente é porque escorregou em alguma curva.
Se serve de consolo, sempre está em tempo de assumirmos o controle. De tomarmos as rédeas sem medo. De escolhermos um amor. De mudarmos de cidade. De viver com segurança contando com uma leve ajuda do acaso e da sorte.
Saí do cinema com a certeza de que o roteiro da vida de João tinha sido escrito por ele. Assim como o meu. E o seu.
O destino é a gente que faz.
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