Quando um homem insiste em ignorar a dor, pode ser chamado de guerreiro. Dor que pode ser simbólica, como aquela que os brasileiros são obrigados a fingirem que não existe. O peso do dia-a-dia, a luta, o sangue e o suor. Tudo para vencer. Ou pra não perder, somente.
No caso do time do Inter, na decisão da Copa Libertadores da América, a dor era verdadeira e teimava em não passar. Fez questão de testar até onde poderiam ir Sandro, Guiñazu, Tinga e Alecsandro. Antes, judiara de Rafael Sóbis. Ele que havia sido herói em 2006, na primeira conquista da América e ontem inverteria a lógica para, mais uma vez, deixar seu nome gravado na história.
As grandes batalhas também existem para transformar meninos em homens. Transformação que exige coragem, muita coragem. Leandro Damião provou ontem que já pode ir pra guerra, ganhou certificado de guerreiro destemido e agora é homem. No fim, cedeu à emoção e chorou lembrando-se das dificuldades que enfrentara até ali. Talvez bem antes já fosse homem pronto. Mas precisava provar tudo isso, e mostrar para um Beira-Rio lotado, pintado de vermelho e branco.
Por fim, quando alguém é predestinado, não há o que fazer. Tudo colabora, nada impede. Todas as forças do universo parecem se unir em prol de um único objetivo: fazer o talismã brilhar. Mais que tudo, mais que todos. Foi a Copa Libertadores de Giuliano, artilheiro colorado na competição, com seis gols. O homem dos gols importantes, o salvador. Coroou sua participação com mestria, gol que poucos conseguiriam fazer, e que fez muitos sorrirem.
No banco, um brilhantismo inédito. O grande chefe da batalha, o homem forte e de voz fraca de tanto comandar. Pareceu nem acreditar, mas seu momento finalmente chegou. Sempre chega, quando há trabalho sério e comprometido. É preciso acreditar, e ele, além disso, mereceu.
O Inter ontem foi o retrato do Brasil. Vencendo a dor na base da união e festejando muito. Fazendo a dor sumir por completo até restar apenas a alegria.
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