Segurando a flor, eu sigo Passo pelos ritos Enfrento os mitos e riscos A imensa batalha Segurando a flor, me viro Caço o infinito Lamento os gritos e vícios O enorme abismo Agarrado à flor, insisto Me agacho, me esquivo Me esgrimo, me acabo Vou ficando só Eu e a flor, no tempo Em que não há mais nós Em que não somos mais Que pó Eu e a flor, no instante Em que não podemos mais Que além Ou que ninguém E no fim, não me restará Nenhuma pétala Somente o caule A repousar em meu peito Vazio
Confesso: odeio os singles. Estou falando das músicas avulsas que são lançadas a todo instante nas plataformas de streaming. Pode me chamar de antiquado, talvez eu seja mesmo. Tenho conta no Spotify, assino YouTube Premium, mas amo minha vitrola! E tenho uma saudade imensa da época em que só se lançavam álbuns inteiros, conceituais, em que a obra transcendia as músicas. O artista nos entregava uma experiência imersiva, quase cinematográfica, muito além de apenas uma coleção de faixas. Assim como um livro, um filme, um roteiro completo, que fazia sentido no todo. Já foi difícil abrir mão dos encartes, aquela parte visual da obra que se conectava diretamente com a sonora – os detalhes gráficos, fotos, capa, tudo muito pensado. Além das letras e das fichas técnicas que podiam ser consultadas a qualquer momento. Claro, o mundo mudou. A transição do vinil para o CD, e depois para o streaming, foi uma revolução na indústria musical, e eu sei que, de certa forma, essa mudança trouxe muito...