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Mostrando postagens de novembro, 2015

Minha caneta vai pro fundo da gaveta

Como sempre, preciso escrever. Quando digo “preciso” significa mesmo uma necessidade e não um desejo banal. Sujar o papel com a tinta da caneta, para mim, é tão vital quanto puxar o ar para dentro dos pulmões. Deixá-lo de fazer reduz os dias que ainda restam. Todo escritor é, por natureza, um obcecado. Só sente o mundo escrevendo, escancara aquilo que calaria pelas palavras impressas, e, sobretudo, escreve para manter-se em pé. Pois é assim que tem de ser. Dito isso, devo agora confessar: estou doente. Ou melhor, esse meu eu-escritor é que está. Não tenho dúvida de que a doença que o abateu é a pior que poderia enfrentar, pois tem como principal sintoma nada menos que a falta de assunto. Para ele, é como morrer! Não ter mais sobre o que escrever. Não ter um tema que desperte interesse e inspiração suficientes para desenvolver pensamento particular que valha a pena ser compartilhado. Sua inspiração voou para longe ou o mundo é que em um instante ficou vulgar e desinteressante demais.

Tropeços

Já tentei trocar os sapatos Amarrar o cadarço Andar descalço Já tentei dar a mão Ir rente ao chão Me apoiar na parede Ou no corrimão Já tentei usar bengala Muleta e andador Já tentei segurar a dor Prender o ar Já tentei de tudo Mas a cada passo na calçada É um tropeço meu No meio do Nada Nessa vida estou aprendendo a caminhar (e na queda nunca encontro o chão)