Dia desses alguém me perguntou por que escrevo. Na hora não soube dizer e acabei dando uma resposta qualquer. Pensando um pouco mais, identifiquei a razão em uma história antiga, do tempo de escola e finalmente divulgo aqui a verdadeira resposta. Era uma pequena cidade na região metropolitana de Curitiba, onde passei parte da infância, foi ali que se deu a primeira paixão. No colégio, durante um inverno. Olhava a menina tímida, de olhos caídos e sorriso encantador e sentia um não-sei-o-quê de faltar o ar. Paixão primeira aos nove anos. Ela oito. O olhar distante era o único contato. Quando, no recreio, mirava por mais de cinco segundos seguidos, sem pestanejar, tomava ares de homem. Andava com o peito estufado e engrossava a voz. Perto dela, a voz não engrossava. Sequer saia. Ainda faltava. Na ausência da voz, a escrita era a única opção. Ela tinha que saber, mas contar com os olhos nos olhos não parecia possível nem mesmo em sonho. Foi quando começou, com as mãos vacilantes, a esc