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Mostrando postagens de junho, 2009

Briga entre vilões

Os anos de repressão vividos nas décadas de 60 e 70 no Brasil estão se reproduzindo em Honduras, país da América Central. Lá, quem deu o golpe também foram os militares, por atitude orquestrada pelo poder legislativo. O presidente eleito em 2005, Manuel Zelaya, foi preso e deposto. Quem assumiu em seguida foi o presidente da Câmara, Roberto Micheletti. O golpe segue um roteiro comum do século 20 na América Latina, especialmente durante a Guerra Fria. O que diferenciou dessa vez foi a condenação mundial. Os Estados Unidos, por exemplo, antes costumavam apoiar os golpistas. Dessa vez, Obama foi incisivo ao dizer que o golpe não foi legal e que Zelaya permanece sendo o presidente de Honduras. Lula garantiu que não vai reconhecer o novo governo. O amigo antigo de Zelaya, Hugo Cháves, também apoia o presidente deposto. O golpe foi condenado pela ONU e pela União Européia. Porém, nesse cenário retrógrado que vai contra as imposições da democracia, ninguém é santo. Nem a aparente vítima, o p

No lugar errado na hora errada

O que estamos assistindo no Irã é o conflito entre ditadura e democracia. E, com exceção do presidente Lula, todos sabem de que lado ficar. Digo isso pois, mesmo após os difíceis anos de ditadura enfrentados no Brasil e outros exemplos dessa situação no mundo, o nosso presidente acusou o povo que vai às ruas de Teerã para lutar pela liberdade de "golpista", disse ainda que a eleição que ocorreu por lá é legítima. Vale lembrar que Lula foi o único chefe de estado a apoiar Mahmoud Ahmadinejad. É difícil prevermos o que vai acontecer no Irã daqui por diante. Porém, é fácil concluirmos que alguma mudança teremos por lá. Afinal, os protestos e as mortes não deverão permanecer infinitamente, mesmo porque uma situação dessas é prejudicial ao próprio governo. Uma maior abertura ou não, não sei, mas algum acordo com os oposicionistas o governo do Irã deverá fazer. Acho que para o mundo ocidental, com exceção do presidente Lula, a gota d'água se fez com o vídeo que mostrava o mome

Matem o mensageiro

Lá do Cazaquistão surgiu uma voz em defesa do presidente do Senado, José Sarney. O dono da voz era o próprio presidente Lula, condenando o denuncismo praticado pela imprensa brasileira e exigindo que Sarney não seja mais tratado como "uma pessoa comum". O denuncismo de que fala o presidente é em relação às frequentes acusações da imprensa sobre o poder legislativo: a farra das passagens, o castelão, os atos secretos. Ou seja, Lula age agora como aquele rei que, diante de uma má notícia trazida por um mensageiro, mandava matar o mensageiro ao invés de resolver o problema. Se os parlamentares fazem festa com o dinheiro do povo e Sarney privatiza um órgão público como é o Senado, a culpa é de quem denuncia isso tudo. Pelo menos para o nosso presidente funciona assim, o que os olhos não lêem o coração não sente. Pra variar, Lula mantém a posição de se ausentar diante dos escândalos. Assim como agiu no caso do mensalão, o presidente optou mais uma vez por passar a mão na cabeça do

Eleições no Irã

Desde a manhã desta sexta-feira milhares de iranianos comparecem às urnas para eleger o próximo presidente daquele país. Para alguns poucos, a eleição simboliza uma chance do Irã de se ver livre de Ahmadinejad, o louco que governa o país desde 2005. Para eles a esperança tem o nome de Mir Hossein Mousavi, principal adversário do atual presidente. O ultraconservador líder do Irã até o momento é polêmico no mundo inteiro. Em parte por afirmar abertamente que pretende riscar Israel do mapa, além da posição de negar o holocausto, que causa repulsa em grande parte do mundo. Ahmadinejad prega ainda o isolamento do Irã em relação ao mundo ocidental e vem comprando briga por causa do seu programa de enriquecimento de urânio, que possibilita a criação de armas nucleares. As pesquisas, porém, apontam Ahmadinejad em vantagem até o momento, mas é necessário que ele atinja mais da metade dos votos para ser eleito, caso contrário enfrentará o segundo turno na próxima sexta-feira. A vantagem é justif

A prisão como pretexto

Euna Lee e Laura Ling não passarão 12 anos de trabalhos forçados na Coreia do Norte. Para quem não sabe, trata-se de duas jornalistas americanas condenadas sob a acusação de entrar ilegalmente em território norte-coreano. As jornalistas da Current TV, que tem entre seus proprietário o ex-vice-presidente Al Gore, faziam uma reportagem na fronteira entre a China e a Coreia do Norte quando foram capturadas e, mais tarde, condenadas. A prisão, porém, foi feita sob uma nuvem de mistérios. Não se sabe se elas realmente invadiram a Coreia do Norte ou se foram presas em território chinês. A condenação prevê 12 anos em campos de trabalhos forçados, de onde é difícil sair vivo. Prisioneiros passam por situações de humilhação, como ter que ficar nu em público ou confinados por semanas em pequenas celas onde não podem ficar em pé nem deitar por completo. Outros tipos de torturas são comuns nesses campos: o prisioneiro pode ser forçado a ajoelhar-se ou sentar-se sem poder se mover por longos perí

Discurso de aproximação

A tentativa de aproximação com os países muçulmanos por parte de Barack Obama tem se mostrado positiva. Grupos radicalistas ouviram o discurso e, melhor que isso, deram ouvidos ao que o presidente americano dizia. Até extremistas do Hamas afirmaram que o discurso mostra uma "mudança palpável" de comportamento, mas alegam que ainda falta uma atitude prática de Obama. Uma coisa de cada vez. No discurso realizado na Universidade do Cairo, na capital do Egito, Obama citou partes do Alcorão (livro sagrado do Islã), fez uma saudação em árabe e pediu uma era de paz após anos de "suspeita e discórdia". O presidente americano defendeu novamente a criação do Estado palestino e ironizou o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, classificando como "ignorantes" aqueles que negam o Holocausto. A ida do presidente americano ao Egito e o discurso aberto é uma mão que ele estende ao Islã, em atitude contrária ao de seu antecessor, George W Bush. Porém, o comportamento

O desgaste público

Essa discussão pública entre ministros não é nada sadia para o governo. Tendo como personagem principal Carlos Minc, esse acerto de contas vem em hora errada. Minc chamou parlamentares de "vigaristas", reclamou dos colegas de governo, acusou a ministra Dilma de estar prejudicando seu trabalho e, pior, tornou tudo isso público. Obviamente Lula não gostou. Mas acabou a principio adotando a postura de "mãezona", dizendo que os ministros não passavam de crianças: brigavam e logo faziam as pazes. Porém, quando a coisa toda apertou, Lula foi obrigado a "enquadrar" o ministro. A senadora Katia Abreu (DEM-TO) também entrou na discussão. Rebateu as críticas de Minc de forma incisiva, protocolou uma denúncia contra o ministro na PGR (Procuradoria Geral da República) por crime de responsabilidade e pediu a sua demissão à Comissão de Ética Pública da Presidência da República. Minc garante que não sairá do governo e reconhece que exagerou. Promete também procurar a s

As boas e más notícias para 2010

Lula já disse que não quer o terceiro mandato. Infelizmente, não poderemos saber se o presidente está sendo sincero antes do anúncio dos nomes que disputarão as eleições em 2010. A emenda pode ser aprovada até setembro e Lula virar candidato dele mesmo, ocupando a função de Dilma. A volta da possibilidade de um terceiro mandato vem sendo alimentada pela sequência de boas notícias para o presidente. Principalmente em relação à sua recuperação no quesito popularidade. Com o avanço da crise econômica, Lula foi obrigado a assistir à perda de aprovação de seu governo. Porém, o Brasil enfrentou a crise e está saindo menos ferido do que outros países. Essa "vitória" acabou sendo vinculada pelo eleitor ao governo federal. Por conta disso, pesquisas recentes como Datafolha e CNT/Sensus, anunciam um aumento da popularidade de Lula. O eleitor acredita que, apesar da crise mundial, o presidente está sabendo levar o barco. Por tabela (ou não) e apesar da doença, Dilma também sobe nas pesq

A vitória sem tiros em El Salvador

Enquanto 228 pessoas desapareciam sobre o oceano atlântico, a bordo do avião da Air France, Lula estava em El Salvador. A viagem aconteceu devido às eleições que ocorreram por lá. Mauricio Funes foi eleito presidente e passa a construir uma história muito semelhante a de ninguém mais ninguém menos que o próprio Lula. Lá, o nosso presidente é exemplo. Não só ele como todo o PT. O partido de Funes, a Frente Farabundo Marti de Libertação Nacional (FMLN) manteve acesa por doze anos a chama da guerrilha, com o objetivo de derrubar o poder e impor um regime comunista no país. O saldo foi negativo: 75 mil mortos, um país dividido e mergulhado em uma crise econômica, social e política. Quase duas décadas após trocar as armar pelo palanque, a FMLN chega ao poder. Assim como Lula e o PT, eles tiveram que se acalmar e fazer política para ganhar. Para isso, contaram com o auxílio do próprio Partido dos Trabalhadores. A mulher de Funes, Vanda Pignato, é petista militante e foi a responsável pela ap