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Mostrando postagens de junho, 2018

Olhar nos Olhos

Acho bonito o olhar nos olhos Quando os olhos não se desgrudam Há algo assim que meio que amarra Mesmo invisível Há uma coisa assim que meio que prende Mesmo incompreensível Acho bonito o olhar nos olhos Quando os olhos ignoram todo o resto Afinal todo o resto é pouco Acho bonito o olhar nos olhos Os olhos fechados contemplam o sonho Os olhos mirando outros olhos Se transformam no próprio sonho Acho bonito o olhar nos olhos Antes do sexo, o beijo Antes do beijo, o olhar O olhar nos olhos, portanto É o primeiro entrar no outro O olhar nos olhos É o primeiro gesto de amar.

Sobre Copa do Mundo e Prêmio Nobel

Provavelmente você recebeu um dos memes do momento, que diz: “A seleção do Canadá não conseguiu se classificar para a Copa do Mundo. (Os canadenses) Terão que se contentar com seus vinte e três prêmios Nobel e em ter um dos níveis mais elevados de qualidade de vida. Coitados... Devem estar com inveja de nós, brasileiros!”. Não é preciso explicar que trata-se de ironia e que a mensagem transmitida é a de que futebol é algo menor quando comparado ao prêmio Nobel e a questões sociais como a qualidade de vida, e que o Brasil está tão focado no esporte que deixa essas outras questões de lado. Perdão pelo termo, mas trata-se de uma descomunal bobagem. O argumento (se é que podemos chamar assim) de quem o criou é totalmente oportunista e desonesto. O Canadá realmente não se classificou para a Copa do Mundo, é verdade. Mas é por não ter tradição nenhuma no futebol. O país participou somente de uma Copa, a de 1986, no México. Jogou três partidas e perdeu as três. Ou seja, desempenho be

Poema - Quero Voltar

Quero voltar ao útero de minha mãe Voltar àquela espera do nascer Porém sem nunca chegar a nascer Àquele viver sem de fato estar vivendo Quero voltar ao útero de minha mãe E lá permanecer todo encolhido em um colo do avesso E infinito Ouvir minha mãe cantarolar Sentir o carinho em sua barriga E permanecer alheio a toda hostilidade Protegido pela carne Quero voltar ao útero de minha mãe Afinal qualquer mundo é pouco Quando se deixa o paraíso Penso agora que O berro ao nascer não é em vão É de desespero por saber Que não podemos desnascer Mas será que é isso mesmo? Será que a morte no fim não nos leva de volta Para o lugar de onde viemos? Pensa como seria bonito se morrer fosse isso: Voltar ao útero de sua mãe Assim a vida faria muito mais sentido E eu não mais temeria a morte.