Hoje Gonzaguinha completaria 80 anos. Se, aos 45, seu carro não tivesse colidido com um caminhão, e ele não tivesse morrido na estrada, entre shows. É um dos meus favoritos de todos os tempos. E vai além de suas canções. Sua persona sempre me foi marcante, e ele faz parte da minha formação — não só musical, mas como ser humano. Por me ajudar a entender a mim mesmo. Este é meu testemunho. E minha declaração a um dos maiores artistas que o Brasil já viu. Suas canções, para mim, têm gosto de estrada. De terra vermelha. Daquele Brasil raiz, profundo, escondido, sofrido. Eu fui criado viajando de carro pra lá e pra cá, com mais crianças do que cintos de segurança no banco de trás. Outros tempos. Essa lembrança ficou em mim. Sempre amei a estrada: sair antes do amanhecer e viajar o dia todinho, cuidando das paisagens, parando para tomar um café de vez em quando. A experiência do deslocamento sendo mais significativa do que a chegada ao destino. Viajar de carro no Brasil, pra mim, é ...