Esse tipo de declaração que deu o presidente Lula, chamando os parlamentares da oposição de "pizzaiolos", simboliza mais um estopim da crise no Senado brasileiro. A base governista não disfarça seu incômodo com as investigações sobre a Petrobras, Lula bem que tenta se fazer de desinteressado, mas a CPI incomoda. E Lula dispara acusações sem pesar a mão.
Não pode. Um presidente tentar desmoralizar o poder legislativo do país que governa é inadmissível. Essa intromissão negativa de um Poder sobre o outro é prejudicial.
As reações às declarações do presidente foram imediatas. Indignados, os senadores derrotaram a indicação de um diretor da Agência Nacional de Águas (ANA), o engenheiro Bruno Pagnoccheschi. Mesmo os senadores da base se posicionaram veementemente contra o discurso do presidente. Hoje, Cristovam Buarque (PDT-DF) apresentou requerimento de voto de censura à Lula.
O problema maior é que a crise no Senado chegou em um ponto em que ninguém sabe muito bem o que fazer pra sair dela. Os parlamentares, o presidente Sarney ou mesmo Lula. Ninguém sabe que atitude tomar pra desfazer esse nó de escândalos em que se meteu o poder legislativo. E esse tipo de declaração partindo ainda do chefe máximo da República só vem pra piorar a situação.
Os parlamentares se encontram nesse momento em um labirinto de escândalos. E lá não existe santo, todos sabem. Porém, o presidente Lula tem que saber que todos jogam no mesmo time. Ele não tem razão em tentar tornar a situação toda mais dramatática. Até mesmo porque quem teme a CPI é ele. Por ele é que as investigações se transformariam sim em uma grande pizzada.
Agora nós temos o recesso. As atividades só voltarão em agosto. Quem sabe seja esse o momento de deixar a poeira baixar. Porque nesse semestre o Senado não fez rigorosamente nada a não ser explicar os escândalos e tomar atitudes mal ensaiadas.
A declaração de Lula fechou o semestre com perfeição. Simbolizou perfeitamente o que foi o Senado brasileiro nessa primeira metade de 2009. Agora só nos resta esperar.
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