As denúncias contra o presidente do Senado, José Sarney, não têm fim. A cada dia surge uma nova. Já as desculpas e justificativas para cada novo escândalo permanecem as mesmas. Afinal, ele não sabia de nada.
Por exemplo, o auxílio-moradia que recebia todo mês em sua conta, mesmo possuindo residência fixa em Brasília, não era do seu conhecimento. Os netos empregados no Senado também passaram despercebidos. Os seguranças do Senado contratados para cuidar de sua residência em São Luís, sendo que ele é senador pelo Amapá, também não comunicaram Sarney. E ele, coitado, permaneceu sem saber.
Nesses casos, o sobrevivente do coronelismo no Brasil está mais que correto. Não é necessário se desgastar pensando em justificar suas estripulias quando se tem o aval do presidente da República. Quando se está acima da lei, qualquer desculpa é em vão.
As últimas denúncias, porém, serão difíceis da dupla Sarney & Lula explicar. Isso porque o presidente do Senado tentou inovar nas explicações, deixou o já desgastado "não sabia" e partiu para a mentira deslavada. Inventou uma história daquelas que menino conta quando é pego pela mãe fazendo arte.
A Fundação José Sarney foi acusada de desviar dinheiro da Petrobrás para empresas fantasmas e da família do senador. A saída de Sarney foi declarar que dessa vez a culpa era dos administradores da fundação, já que ele próprio não possuia qualquer participação administrativa dentro da fundação.
Saiu pela tangente. E foi pego em seguida.
O estatuto da entidade deixa claro que Sarney tem sim participação administrativa na fundação. E vai além, ele é quem ocupa o cargo de presidente vitalício, ou seja, assume as responsabilidades financeiras e tem poder de veto.
Nesse caso, Sarney poderia ter seu mandato cassado por quebra de decoro parlamentar. Mentiu para seus pares. A história seria semelhante à ocorrida em 2000, com o senador Luiz Estevão de Oliveira (PMDB-DF). Foi cassado não por desviar dinheiro público para a construção de um prédio em São Paulo, mas sim porque mentiu.
Com Sarney pode acontecer o mesmo. A não ser que Lula invente uma nova maneira de impedir o exercício da lei, mais uma vez para livrar um camarada. Tudo pensando em 2010.
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