Pular para o conteúdo principal

Mário Sérgio x Imprensa

O inimigo do Inter neste momento é o Santos, adversário no próximo domingo, pela 35ª rodada do campeonato brasileiro. Se formos mais longe, Palmeiras, São Paulo, Atlético Mineiro, Flamengo e Cruzeiro também bloqueiam o caminho colorado.

Para Mário Sérgio, porém, o inimigo tem outra cara, a da imprensa. Por isso, ele a elegeu como inimiga e declarou guerra aos jornalistas. Em vão.

A crítica neste caso é livre. Afinal a imprensa, como tudo, também está sujeita ao erro. E aqui no sul os jornalistas cometem tantos equívocos quanto em São Paulo ou Belo Horizonte ou Rio de Janeiro. O erro não é exclusividade dos gaúchos. A queixa de Mário Sérgio, no entanto, não tem fundamento.

Durante a mesma entrevista coletiva em que atacou a imprensa gaúcha, ele também declarou que não acompanha o trabalho dos jornalistas esportivos. Não assiste TV, não lê jornal ou revista e não ouve rádio. Pelo menos os programas que abordam futebol passam bem distante do cuidado de Mário Sérgio. É no mínimo estranho. Afinal, como apontar os erros ou acertos de algo que se desconhece completamente?

Quando desembarcou no Beira-Rio, o atual comandante colorado tinha a missão de garantir o Inter no G4 e, se possível, levá-lo ao título do campeonato brasileiro. Para isso, lhe foi oferecido até a quantia de meio milhão de reais. O rancor demonstrado agora por Mário Sérgio é resultado de sua frustração. Sua intenção é eleger culpados pelos seus próprios erros, neste caso, acabou optando por responsabilizar a imprensa.

Mário Sérgio ainda não se deu conta de que o principal inimigo do Inter é ele mesmo, um profissional aventureiro que mal sabe o que fala.

Comentários

mais vistos

Saí do Brasil. E morri.

Estou morando no Canadá há quase um mês. Minha esposa foi aprovada em uma seleção para fazer seu doutorado na cidade de Calgary, a terceira maior do país, e resolvemos vir assim, de mala e cuia. Calgary é um lugar curioso, é chamada pelos íntimos de cowtown, cidade das vacas em uma tradução literal, termo usado para um lugar com fazendas em seus arredores, com um clima mais interiorano, talvez. Só para se ter ideia, o maior rodeio do mundo acontece aqui, então realmente é um lugar de Cowboys e Cowgirls. Mas pretendo contar mais da cidade e da vida aqui depois. Quero focar agora na experiência de se fazer as malas e sair do seu país, seja ele qual for. Apesar de ser pouco tempo de experiência, já pude comprovar algumas impressões que tinha sobre a mudança para o exterior. O que acontece quando você faz as malas e embarca no avião com destino a um lugar completamente diferente do seu? Você morre. Isso mesmo, você morre. Eu morri quando vim. Começa pelo fato de normalmente, nesse tip

O Retrato Rasgado

As fotos de uma vida inteira podem caber no bolso da calça. Temos pen-drive, celular, cartão de memória, tablet, notebook, computador e mais um zilhão de ferramentas para nos auxiliar nesse arquivo infinito enquanto dure. Infelizmente esse fenômeno da tecnologia colocou fim a um hábito comum a maioria das famílias: se reunir para ver fotos. A lembrança que tenho é de retirar do alto do armário caixas e mais caixas, leva-las até a sala para a visita do dia ou para nós mesmos, e começar a retirar um a um os álbuns que contavam a história da família. A cada mergulho no passado perdia-se horas olhando as imagens e comentando o quanto fulano era magro, siclano era cabeludo e assim por diante. O tempo em casa parava e, devagarinho, ia andando para trás. Hoje raramente dedico um tempo para organizar as minhas fotos e muito menos para revê-las. Tenho uma pasta no meu desktop e vou salvando tudo lá, de tempos em tempos, sempre que preciso esvaziar a memória do celular. A tecnologia também n

O Fantasma de Vinte Anos

Todo dia ele faz tudo sempre igual. Acorda às seis da manhã, desliga o despertador do celular, aproveita o aparelho nas mãos para olhar as últimas novidades das redes sociais, a previsão do tempo, o e-mail, e só depois de uns dez minutos é que se vira para o lado, dá um beijo na esposa que levanta as oito e ainda está dormindo, e se ergue da cama. Afinal, não tem escolha. Vai até o closet, separa cueca, meia, calça e camisa e deixa cada peça, uma sobre a outra, lhe esperando. Entra no banheiro. Primeiro liga o chuveiro e só depois tira o pijama, dá o tempo certo de a água esquentar. No banho, sempre a mesma sequência. Primeiro o cabelo – o pouco que lhe restou já está grisalho, muito diferente da cabeleira farta dos seus vinte anos – sempre pensa nisso enquanto esfrega os poucos fios com as pontas dos dedos. Por último os pés. Desliga o chuveiro e sai. Seca o corpo começando pela cabeça, que já está no escritório. Será que responderam aquele e-mail? Será que fulano finalizou a plan