José Sarney é um homem de sorte. No auge de seus oitenta anos mostra que os ventos continuam soprando a seu favor. Como sempre, o coronel do Maranhão ressurgiu das cinzas e renasceu politicamente. Depois dos escândalos envolvendo seu nome no ano passado, ele agora é cotado para permanecer na presidência do Senado. O Brasil é mesmo um país sem memória.
O que falar dos atos secretos, do nepotismo, do tráfico de influência? Desceram ralo abaixo, ninguém sabe, ninguém viu. Sarney é muito maior que isso tudo. É fiel a Lula. No Brasil isso basta, já que contestar o messias do sertão aqui é o oitavo pecado capital. Nesse caso, mais vale a fidelidade política do que o caráter.
Ano passado, Sarney saiu pela tangente. Negou tudo a todos. Não sabia dos três mil reais de auxílio-moradia que entravam em sua conta todo mês, sendo que ele já possuia residência em Brasília, e não sabia que Epitácio Cafeteira havia empregado um neto seu. Sem falar nos seguranças do Senado contratados para cuidar de sua residência em São Luís, sendo que ele é senador pelo Amapá. Mas tudo bem, ele tem o aval do presidente da República. O que querem mais?
José Sarney é um homem único, deve servir de inspiração a todos. Em 1985 um acaso o levou à Presidência da República. Desde então, ele segue morrendo e renascendo politicamente. Como o Brasil é um país sem memória, ninguém contesta. A única pessoa que parece estar sóbria nesse caso é dona Marly, mulher de Sarney. Ela acredita que agora o importante para o marido é cuidar da saúde. Mas José Sarney não é um "homem comum", como diz Lula. É um homem que nasceu para se superar.
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