Entre jogos e desilusões da Copa do Mundo, esta semana parei para ver um dos filmes mais comentados do momento: A Culpa é das Estrelas. Adaptação de um livro que eu não li e que, pela sinopse, tinha todos os ingredientes para ser um clássico do gênero “água com açúcar”. Porém, amigos interessantes haviam feito críticas interessantes. Então, vamos lá!
O filme surpreendeu a mim e a outros que esperavam que ele fosse somente um passatempo morno. Não. Ele vai muito além disso. E “além” aqui pode significar mais perto do que você imagina: dentro de você mesmo. A história do simpático casal Hazel Grace (Shailene Woodley) e Augustus (vivido por um ótimo Ansel Elgort), comove e machuca. Explora dores e anseios que você nem imaginaria que pudesse sentir. Ainda mais na sala de cinema.
O longa é uma clássica história de amor impossível, entre a mocinha e o mocinho separados por uma doença. Mais que isso não conto, pois espero sinceramente que todos assistam. Meu objetivo ao escrever sobre o filme não é fazer uma análise crítica ou técnica, isso está além da minha capacidade. Quero me apegar em uma das falas de Augustus, uma das melhores do filme, sobre a dor: “esse é o problema da dor, ela precisa ser sentida”. Gus chega a essa conclusão ao ver um dos melhores amigos sofrer uma desilusão amorosa. Um raciocínio simples, porém brilhante, se pensarmos o quão difícil é sofrer hoje em dia. Estamos diariamente sendo educados para não sentir dor. E aqui me refiro à dor emocional, não física.
Se alguém sofre um período de tristeza mais longo, as pessoas próximas já começam a olhar com ar de estranhamento e a diagnosticar: é depressão, deve procurar um psiquiatra. Se o deprimido se rende aos conselhos e vai procurar tratamento, muitas vezes mal tem seus problemas ouvidos e já começa a ter que engolir um comprimido atrás do outro, para curar a dor. Ele para de chorar, sente mais disposição para trabalhar e encontrar os amigos, mas não por ter superado a tristeza, e sim por estar dopado. Vive uma felicidade falsa. Se tiver os medicamentos cortados, tudo volta.
Seria loucura questionar a existência da depressão. Sim, ela existe, deve ser encarada como doença e seriamente tratada por profissionais. O que estou contestando é o diagnóstico generalizado e irresponsável. A tristeza, ao contrário da depressão, não é doença. É parte da vida. É normal encararmos uma fase mais introspectiva, desestimulados com o trabalho, com um relacionamento ou sentirmos vontade de chorar, mesmo que não haja um motivo evidente. E desse sofrimento pode vir um crescimento. Há até quem diga que só amadurecemos na dor. Porém, na sociedade atual, este tipo de sofrimento se tornou o oitavo pecado capital. Quem sofre anda na contramão do que é imposto mundo afora: a felicidade, mesmo que só de aparência, vale muito mais.
Um fator que também contribui para nos sentirmos mal com a tristeza é a proliferação das redes sociais. No Facebook, por exemplo, é como se cada pessoa tivesse a sua vida acompanhada por fãs e seguidores. O publicável ali, portanto, são apenas os momentos felizes: um jantar em um restaurante bom, uma viagem, um encontro com os amigos, uma promoção profissional. Ninguém quer espalhar o sofrimento, demonstrar fraqueza. Se algo não deu certo, fecha a página do Facebook ou publica uma foto com um sorriso falso. Ele valerá mais que uma lágrima verdadeira.
Talvez a dor também seja incômoda, por nos lembrar o quanto frágeis nós somos. Mas pare e pense. Em algumas situações da vida, se torna impossível não ficar triste: perder um ente querido, terminar um relacionamento, ser demitido. O errado aqui é encarar isto como fraqueza e tentar maquiar ou curar o sofrimento com remédio. A dor deve ser sentida e, para aqueles que conseguirem aproveitá-la, virá um amadurecimento sem tamanho.
Escrevendo sobre o tema, lembro de algumas frases que tenho sempre comigo. Paulo Leminski colocou no poema: “um homem com uma dor é muito mais elegante”. Vinicius de Moraes determinou: “o poeta só é grande se sofrer”. A dor não é infelicidade. Eu sofro com o sofrimento de pessoas próximas, com a injustiça do mundo, sofro com minhas frustrações, com a falta de tempo, com os sonhos que não conseguirei realizar, nem por isso deixo de ser feliz. A sabedoria da vida está em reconhecer que há os momentos bons e os maus e tentar fazer que os bons sejam maioria.
A dor é parte da vida, e como Gus resumiu em A Culpa é das Estrelas, o ruim é que deve ser sentida. Assim como a tristeza. Eu só peço isso às pessoas próximas de mim: me ajudem a ser feliz, mas não toquem na minha dor.
O filme surpreendeu a mim e a outros que esperavam que ele fosse somente um passatempo morno. Não. Ele vai muito além disso. E “além” aqui pode significar mais perto do que você imagina: dentro de você mesmo. A história do simpático casal Hazel Grace (Shailene Woodley) e Augustus (vivido por um ótimo Ansel Elgort), comove e machuca. Explora dores e anseios que você nem imaginaria que pudesse sentir. Ainda mais na sala de cinema.
O longa é uma clássica história de amor impossível, entre a mocinha e o mocinho separados por uma doença. Mais que isso não conto, pois espero sinceramente que todos assistam. Meu objetivo ao escrever sobre o filme não é fazer uma análise crítica ou técnica, isso está além da minha capacidade. Quero me apegar em uma das falas de Augustus, uma das melhores do filme, sobre a dor: “esse é o problema da dor, ela precisa ser sentida”. Gus chega a essa conclusão ao ver um dos melhores amigos sofrer uma desilusão amorosa. Um raciocínio simples, porém brilhante, se pensarmos o quão difícil é sofrer hoje em dia. Estamos diariamente sendo educados para não sentir dor. E aqui me refiro à dor emocional, não física.
Se alguém sofre um período de tristeza mais longo, as pessoas próximas já começam a olhar com ar de estranhamento e a diagnosticar: é depressão, deve procurar um psiquiatra. Se o deprimido se rende aos conselhos e vai procurar tratamento, muitas vezes mal tem seus problemas ouvidos e já começa a ter que engolir um comprimido atrás do outro, para curar a dor. Ele para de chorar, sente mais disposição para trabalhar e encontrar os amigos, mas não por ter superado a tristeza, e sim por estar dopado. Vive uma felicidade falsa. Se tiver os medicamentos cortados, tudo volta.
Seria loucura questionar a existência da depressão. Sim, ela existe, deve ser encarada como doença e seriamente tratada por profissionais. O que estou contestando é o diagnóstico generalizado e irresponsável. A tristeza, ao contrário da depressão, não é doença. É parte da vida. É normal encararmos uma fase mais introspectiva, desestimulados com o trabalho, com um relacionamento ou sentirmos vontade de chorar, mesmo que não haja um motivo evidente. E desse sofrimento pode vir um crescimento. Há até quem diga que só amadurecemos na dor. Porém, na sociedade atual, este tipo de sofrimento se tornou o oitavo pecado capital. Quem sofre anda na contramão do que é imposto mundo afora: a felicidade, mesmo que só de aparência, vale muito mais.
Um fator que também contribui para nos sentirmos mal com a tristeza é a proliferação das redes sociais. No Facebook, por exemplo, é como se cada pessoa tivesse a sua vida acompanhada por fãs e seguidores. O publicável ali, portanto, são apenas os momentos felizes: um jantar em um restaurante bom, uma viagem, um encontro com os amigos, uma promoção profissional. Ninguém quer espalhar o sofrimento, demonstrar fraqueza. Se algo não deu certo, fecha a página do Facebook ou publica uma foto com um sorriso falso. Ele valerá mais que uma lágrima verdadeira.
Talvez a dor também seja incômoda, por nos lembrar o quanto frágeis nós somos. Mas pare e pense. Em algumas situações da vida, se torna impossível não ficar triste: perder um ente querido, terminar um relacionamento, ser demitido. O errado aqui é encarar isto como fraqueza e tentar maquiar ou curar o sofrimento com remédio. A dor deve ser sentida e, para aqueles que conseguirem aproveitá-la, virá um amadurecimento sem tamanho.
Escrevendo sobre o tema, lembro de algumas frases que tenho sempre comigo. Paulo Leminski colocou no poema: “um homem com uma dor é muito mais elegante”. Vinicius de Moraes determinou: “o poeta só é grande se sofrer”. A dor não é infelicidade. Eu sofro com o sofrimento de pessoas próximas, com a injustiça do mundo, sofro com minhas frustrações, com a falta de tempo, com os sonhos que não conseguirei realizar, nem por isso deixo de ser feliz. A sabedoria da vida está em reconhecer que há os momentos bons e os maus e tentar fazer que os bons sejam maioria.
A dor é parte da vida, e como Gus resumiu em A Culpa é das Estrelas, o ruim é que deve ser sentida. Assim como a tristeza. Eu só peço isso às pessoas próximas de mim: me ajudem a ser feliz, mas não toquem na minha dor.
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