Tem uma música martelando na minha cabeça. "Estou sozinho, estou triste, etc." Maldito Caetano! Tem o dom de me atar um nó na garganta e de me traduzir sem nunca ter me lido.
Todo mundo tem um dia ruim, uma semana ruim, um ano em que seria melhor não ter brindado sua chegada. Todo mundo sempre tem um encontro marcado com ela. E a tristeza, quando chega, é egoísta, possessiva, não aceita dividir a atenção. Portanto, só é profundamente sentida quando se está sozinho. "Estou sozinho, estou triste, etc." Como faz para baixar o volume?
A tristeza muitas vezes também é abstrata. Não se está triste por algo específico, e sim por um conjunto de fatores ou simplesmente por... nada. Se está triste e pronto. Uma infinidade de sentimentos ou de vazios. Para mim, o "etc" de Caetano pode ser tanta coisa. Representa justamente esse excesso de significados. Colocando o "etc" na música, o poeta abre o horizonte e permite que esse sentimento seja consequência de qualquer coisa. Talvez por isso não só eu, mas o equivalente à torcida do Flamengo inteira, também se identifique com a música.
"Quem virá com a nova brisa que penetra?" Caetano segue me narrando sem pedir licença e saber o que conta. Nessa parte da música, ele questiona se alguém virá para salvá-lo da tristeza. Uma espécie de super-heroi a pousar na janela e resolver todas as questões. Quem virá? Nessa pergunta, eu confesso que colocaria "o que" no lugar de "quem". Afinal, como membro da turma Geração Y, tenho pressa. Não nasci para esperar, ter paciência, contar até dez. No dois eu já desisti! Quando canso de algo - do trabalho, da cidade, da casa - me faço a pergunta: o que virá com a nova brisa? Acho que mesmo sendo a chegada de uma outra pessoa o fato esperado, quase sempre queremos saber o que essa pessoa trará de novo. Ela apenas não quer dizer muita coisa. Só se a solidão for física. No fundo, sabemos que a brisa quase sempre trará no máximo uma folha seca a se arrastar sobre nossos pés.
Enquanto escrevo esse texto estou deitado em meu quarto. Hoje senti mais vontade de ficar aqui do que aparecer para o mundo. Espero a brisa. Por enquanto, tenho a artificial provocada pelo ventilador. O telefone toca. Não atendo. A brisa finalmente chega, leve e rápida, como a querer apagar o ambiente pesado. Leve, mas suficiente para trazer consigo a folha seca, que pousa devagar sobre a cama. A poesia da vida real!
Enxergo nela a mensagem que diz que tudo vai dar certo, porque enquanto uma folha cai, outra nasce no lugar. Imediatamente. Sempre. Infinitamente. Assim acontece comigo e com você. Vamos morrendo e nascendo nesse intervalo entre nascer e morrer que é a vida. Vamos perdendo pedaços para ficarmos completos no fim. As rugas e cicatrizes como prova de que vivemos.
No fim, tudo se encaixa. Enquanto Caetano canta na minha cabeça, tudo vai voltando para o seu devido lugar. Porque é assim que é. E etc.
Todo mundo tem um dia ruim, uma semana ruim, um ano em que seria melhor não ter brindado sua chegada. Todo mundo sempre tem um encontro marcado com ela. E a tristeza, quando chega, é egoísta, possessiva, não aceita dividir a atenção. Portanto, só é profundamente sentida quando se está sozinho. "Estou sozinho, estou triste, etc." Como faz para baixar o volume?
A tristeza muitas vezes também é abstrata. Não se está triste por algo específico, e sim por um conjunto de fatores ou simplesmente por... nada. Se está triste e pronto. Uma infinidade de sentimentos ou de vazios. Para mim, o "etc" de Caetano pode ser tanta coisa. Representa justamente esse excesso de significados. Colocando o "etc" na música, o poeta abre o horizonte e permite que esse sentimento seja consequência de qualquer coisa. Talvez por isso não só eu, mas o equivalente à torcida do Flamengo inteira, também se identifique com a música.
"Quem virá com a nova brisa que penetra?" Caetano segue me narrando sem pedir licença e saber o que conta. Nessa parte da música, ele questiona se alguém virá para salvá-lo da tristeza. Uma espécie de super-heroi a pousar na janela e resolver todas as questões. Quem virá? Nessa pergunta, eu confesso que colocaria "o que" no lugar de "quem". Afinal, como membro da turma Geração Y, tenho pressa. Não nasci para esperar, ter paciência, contar até dez. No dois eu já desisti! Quando canso de algo - do trabalho, da cidade, da casa - me faço a pergunta: o que virá com a nova brisa? Acho que mesmo sendo a chegada de uma outra pessoa o fato esperado, quase sempre queremos saber o que essa pessoa trará de novo. Ela apenas não quer dizer muita coisa. Só se a solidão for física. No fundo, sabemos que a brisa quase sempre trará no máximo uma folha seca a se arrastar sobre nossos pés.
Enquanto escrevo esse texto estou deitado em meu quarto. Hoje senti mais vontade de ficar aqui do que aparecer para o mundo. Espero a brisa. Por enquanto, tenho a artificial provocada pelo ventilador. O telefone toca. Não atendo. A brisa finalmente chega, leve e rápida, como a querer apagar o ambiente pesado. Leve, mas suficiente para trazer consigo a folha seca, que pousa devagar sobre a cama. A poesia da vida real!
Enxergo nela a mensagem que diz que tudo vai dar certo, porque enquanto uma folha cai, outra nasce no lugar. Imediatamente. Sempre. Infinitamente. Assim acontece comigo e com você. Vamos morrendo e nascendo nesse intervalo entre nascer e morrer que é a vida. Vamos perdendo pedaços para ficarmos completos no fim. As rugas e cicatrizes como prova de que vivemos.
No fim, tudo se encaixa. Enquanto Caetano canta na minha cabeça, tudo vai voltando para o seu devido lugar. Porque é assim que é. E etc.
Comentários
Postar um comentário
Deixe seu comentário